15 de março de 2018

#Conto 2 - Não me deixe sem você

 
Não era a primeira vez que ele havia prometido que ficaria comigo até o fim. Além dessa promessa, também garantiu que haveriam mudanças que nos fariam mais felizes. Que nos faria ainda mais próximos. Como se nos amássemos outra vez. E não era a primeira vez que eu usava da minha ingenuidade para acreditar nessas palavras vazias. Eu queria acreditar, pois sem elas eu não teria mais nada. Embora outra vez eu tenha quebrado a cara. Mas ela sararia alguma hora. 

E esse tal de amor, acabou? Não sei como poderia. E se sim, quando? O amor não é vivido dessa forma? Simplesmente parece que sempre fomos assim, e que sempre seremos. Como poderia ser diferente? Eu te conheci, mas não lembro como meu coração reagiu a isso. Ele chegou a pulsar? Eu cheguei a ficar nervosa? Escrevi poesias? Isso é tudo ficção daqueles livros de histórias inventadas. Nada disso tem como existir. Não sinto nada dessas coisas agora. Às vezes eu até gostaria de ter um dia só meu, sem ter que dar te satisfação, mas se me chama eu vou, se me pede eu faço, não sei recusar. Deixo usar minha mente, meu coração e meu corpo. Você vem quando quer, mas sempre foi assim, não é mesmo? Então é só aceitar. Diz que o querer é meu, mas é só um disfarce pra satisfazer seus caprichos. E eu não ligo. Não lembro se algum dia foi diferente. Se rimos juntos, se planejamos juntos ou se nos amamos juntos. 

Promessa atrás de promessa, descumprimento atrás de descumprimento e brigas atrás de brigas. Reclamações, infelicidades e sua mão debaixo da minha roupa. O toque, o desejo, a excitação. Os gemidos que instigavam a continuar e a mente em outro lugar, pedindo para parar. Mesmo dizendo não, eu me entregava, cedia, gozava. Se eu não cedesse, você partiria. Como eu poderia sobreviver sem você?

Você dizia que aquilo me era necessário, e eu acreditava. Tinha medo de ser feliz se isso lhe trouxesse infelicidade. Não dizia, não reclamava e remoía tudo dentro de mim. Se eu dissesse alguma coisa, você ficava infeliz, ameaçava partir. E quando dei por mim, estava amarga, fria e usada. Mas era para eu não ligar. E se ninguém mais fosse capaz de me amar? Tenho que resistir ainda mais. Como eu poderia recusar sua caridade? Um pouco de atenção, preocupação e preliminares intensas. Eu não merecia isso, e mesmo assim você me dava. Isso era toda prova de amor que eu precisava. Não havia mais amizade, não havia mais romance, se é que um dia isso tenha existido. Só havia o cumprimento do dever. Éramos amantes, tínhamos que cumprir tal acordo, independente de como eu me sentia. E sobre o sentir, eu só posso responder por mim. Você disse que me amava, que se preocupava, que faria tudo por mim. Mas não cumpria as promessas, não me acompanhava e me estuprava. Mas tudo bem. Faça o que quiser comigo contando que não me deixe.

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